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quinta-feira, 15 de março de 2012

Pedido de desculpa



Aproxima-se o dia do pai e com ele os meus pensamentos intensificam-se e atormentam-me mais que o habitual. Questões atrás de questões. Muitas vezes me zango com ele, (na minha incapacidade de entender e aceitar) por me ter abandonado. Por me deixar sozinha, quando sabe que a solidão me assusta e as sombras da noite espreitam nas esquinas do quarto.
E depois arrependo-me, deixou-me contra a sua vontade, a mulher de negro seduziu-o e levou-o.

Será que és aquela estrela que vejo da minha janela? Será que és uma pomba branca que aparece do nada, precisamente quando procuro solucionar um problema e me pergunto que pensarias do assunto?
Não sei!

Quando ficaste muito doente, era a única que sabia exctamente com quê e o que iria acontecer. Vivia longe, a angústia tomou conta de mim e fui obrigada a pedir ajuda profissional.
Andei a planar por cima das nossas vidas, a minha atribulada, a tua por um fio. Mas estive lá, com uma força aparente e uns comprimidos de suporte. Chorei muito pouco, para o que me apetecia. Ou devia. Mas não podia ser, afinal a mãe precisava de mim lúcida e forte, achava eu, porque as muralhas do castelo dela são maiores e mais resistentes que as do meu.
Fui guardando cá dentro e deixando sair, devagar, nas ocasiões menos esperadas.

Quando o Silvestre morreu (o meu gato) com 4 anos, assim de repente sem nenhum indício de coisa alguma, foi o descalabro. Chorei tudo e por muitos dias. Achei que tudo o que amo e toco desaparece num ai. Pensava em ti, em pedir-te desculpa por exteriozar tanto sofrimento com a morte do meu gato e não ter sido assim quando partiste.
Telefonei ao médico, nesse desespero de má filha, com essa culpa colada a tanta dor.
Ele tranquilizou-me (?). Disse-me que o luto pelos animais de estimação é mais intenso e também mais curto. Que era normal já que os bichos dão tudo, amam incondicionalmente.

Mas e tu? És meu pai. Sei que me amaste assim.

Portanto, pouco convencida te peço desculpa. Sei que odiavas ver-me chorar. 
Serás tu que me impedes??


4 comentários:

Coisas de Feltro disse...

A dor assume tantas formas e manifesta-se de tantas maneiras, que a mim não me surpreende que tenhas por fim extravasado tudo o que ia aí dentro. É uma gota de água que faz transbordar o copo, não porque é mais importante do que as outras, mas porque as anteriores já ocuparam o lugar disponível no recipiente.

Beijinhos com abraço incluido

Eolo disse...

Ai Luísa e agora quem chora sou eu.

Violeta Extravagante disse...

É só para deixar uma abraço e um beijo...porque tu já disseste tudo...

Luísa Lopes disse...

Obrigada por estarem desse lado e me fazerem sentir entendida