Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Momentos




No último dia de férias, resolvi sair da casa e passear pelo pinhal circundante. Já estava com a neura do fim e apetecia-me estar sozinha. Pensar, despedir-me...
Encontrei uma paisagem sofrida e triste mas bela. E afinal não estava sozinha. O meu pastou querido foi comigo.





















quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O fim dos livros

 
 
 


Foi-me apresentado por uma amiga em Barcelona, quando me ofereceu Kafka à beira mar. Foi amor à primeira leitura e vício de devorar tudo o que posso.
Faz-me viajar em mundos imaginários, fantásticos repletos de poesia, conhecimento profundo da vida e das fragilidades do ser humano.
Sempre que leio um livro dele, a 100 páginas do fim, fico com uma angústia horrível, como se depois viesse o vazio e perdesse uma amigo querido. Credo, custa.
Este não foi excepção e para não variar, vem de encontro ao que de alguma forma sinto no momento.

" - A minha vida não vale grande coisa e o meu cérebro também não.
   - Mas tu tinhas dito que estavas satisfeito com a tua vida.~
   - Foi falar por falar- retorqui. - Todos os exércitos precisam de uma bandeira."




terça-feira, 13 de agosto de 2013

Bodas de ouro (ou isso)

 
 


Sim, sou do início da década de sessenta do século XX. Antiga, portanto. Dizia-se que o mundo acabaria no ano 2000, mas afinal ainda ando por cá.

Em pequena, pensava eu do alto da minha inocência e das profundezas do meu medo, que alguém com 50 anos, mesmo de boa saúde, era demasiado velho e estaria a ponto de embarcar desta para melhor.
Assustava-me pensar nos mais velhos, no fim próximo e na vida sem eles. Compreender a morte não era o meu forte  e talvez ainda não seja.
Fui vivenciando perdas várias, algumas prematuras, ausências dolorosas minhas e dos mais chegados, em todas as idades com mais ou menos sofrimento. Achei sempre tudo tão injusto! O meu amigo N. com 19 anos que a jogar futebol lhe caiu a baliza na cabeça, a minha tia querida que sempre pensei que me acompanhasse quando ficasse sem mãe, os meus adorados primos com 28 e 31 anos, o meu grande amor da adolescência, avó, pai...tantos mais...tantos...
Os anos foram passando, depressa ou devagar, dependendo do grau de felicidade ou profunda tristeza e eis-me a cumprir 50 anos. Meio século. Porra, é dose. Se pensei que talvez não chegasse aqui, penso agora que ainda não me sinto aquela velha que a minha imaginação inventava.
Deixei que os cabelos brancos invadissem a minha cabeça, as minhas rugas não são tratadas com cremes e afins, quero lá saber da celulite e das peles. Não fui surpreendida por nenhuma doença grave. Deixei talvez algumas futilidades de lado, dou mais valor a coisas que realmente importam.  Tento não viver de queixumes, separo melhor o que quero e não quero, tento não me arrepender de nada. Não deixo de dizer que amo, de demonstrar afecto e carinho de dar uma gargalhada sonora. Admiro a vida, do nascer do sol ao pássaro que canta na minha janela, a primeira andorinha e as folhas a cair das árvores. Confio nos mistérios e desígnios dos Deuses. Agradeço.
Portanto, não fosse o espelho (esse traidor) e não daria por nada.
Tomei decisões, por vezes deixei-me embalar pelos braços da vida até chegar aqui. Arrependimentos não sei exactamente se tenho. Tudo me trouxe até onde estou e fez de mim esta e não outra.
Seria injusto dizer que sou infeliz, porque, ainda que por tempo determinado, a felicidade visita-me. E fica, não deixo que morra em mim.
Rodeiam-me pessoas que me enchem de amor, que me dão alegria e razões para viver. Quanto ao resto, confesso-me lúcida, viva, com muitos sonhos para realizar e espero que um novo ciclo se aproxime com coisas boas que mereço, sendo feliz e fazendo feliz quem precisa de mim e me quer na sua vida.

A minha filha (a minha maior e melhor produção) diz-me:
- Oh mãe, és tão linda porquê?
Respondo:
-Não sou nada.
(Mas até acredito, porque ela vê-me com os olhos da alma)








sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Foi eterno enquanto durou



Se tanto me dói que as coisas passem




 

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem
 
Sophia de Mello Breyner