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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Outros Natais ( Re-post)

Ando a evitar falar de Natal. Com toda a hipocrisia que se exerce nesta altura, apetece-me cada vez menos.
Deixo-vos o que escrevei o ano passado, já que se mantém o que penso e sinto.



Depois dos natais em Moçambique, que se passavam com a famíla do coração, aquela que escolhemos, os natais da adolescência ficarão para sempre na memória e são os que me fazem sentir que amar vale a pena.

Sinto a magia nas ruas, preparo a casa a condizer com a época e fico cheia de vazio. Longe vai o tempo em que era a festa da família, dos reencontros, dos afectos e até das discussões causadas pelos mais "ranhosos"( sim, que em todas as famílias há um ou dois).
Os meus pais começavam muito cedo a juntar os tostões para a célebre viagem, (andámos sempre longe) para o meu presente ( umas calças de ganga compradas na 1ª de Dezembro em Lisboa ) e para ajudar nos acepipes da consoada.
Àquela casa à beira mar, onde a maresia se pegava às janelas, íamos chegando. E cabiamos muitos. Irmãos, cunhados, sobrinhos, netos. Dormíamos onde fosse preciso, onde coubesse mais um colchão improvisado à última hora. Era divertido, acolhedor e ninguém se queixava.
Metíamo-nos no carro e fazíamos muitas horas pela Nacional 1. Parávamos para o farnel (pataniscas de bacalhau e café) e afins. Aprendia como se chamavam as árvores, que plantas tinham flores amarelas, os nomes dos pássaros. Lembro-me do presépio de Alenquer ali mesmo a beijar a estrada e, que o meu pai, não deixava que eu perdesse porque me acordava caso eu tivesse adormecido.
A casa e respectivos anfitriões, era sobretudo farta em sorrisos, abraços e mimos. Eram os melhores presentes.
Começava a azáfama, as roupas saídas dos armários a cheirar a alfazema. Os fritos...hummmm o forno aceso...Tudo guardadinho na memória olfactiva.
Desde a partida da avó Tucha (Gertrudes) foi o princípio do fim desses natais.Ter crescido, também. E depois a passo curto foram partindo outros. Fomos tentando manter algum desse espírito e alguma dessa magia que acabou de vez quando os donos daquela casa também  se foram. Por muito que nos vejamos (os que sobram) e muito pouco pela parte que me toca por estar longe, nada será como foi um dia.
Cada vez mais me apetece ir para a cama às 22h00. Esquecer-me que naquele dia e há muito tempo fui feliz. Mandar tudo à fava.
Faltam-me o Fernando, a tia Lourdes, o Jorge, a avó Tucha, o padrinho Pedro, a madrinha Zézinha (estes dois os donos da casa) o meu pai...
Ouvi dizer que celebram o Natal juntos e que esperam por nós com a mesa posta. Quando esse Natal chegar só vou querer beijos, abraços e mimos.
Por enquanto continuo a viajar rumo a Portugal.
Dissolvo as minhas lágrimas naquele mar de saudade, no sítio daquela casa onde agora moram as memórias.

Entretanto, tudo mudou e para pior. Já falta mais um, o tio Raúl. Além disso , há pessoas muitos más à minha volta. Pessoas prepotentes, falsas, que se alegram com as tristezas dos outros,  que passam impunes nesta vida e que infelizmente não posso evitar.
Datas que saltaria com todo o prazer.

Feliz Natal para todos!

4 comentários:

C.F. disse...

Ao contrário do que seria de esperar, desde que o Afonso nasceu a vontade de celebrar o Natal ficou ainda mais pequena. Fiz a àrvore ontem, forçada pelo seu olhar encantado de cada vez que observa os enfeites espalhados por aí e foi de coração apertado que o vi apontar para a árvore e dizer:
- É o Datali do Foncho...
Para mim a magia terminou precocemente, aos 12 anos com a morte da minha avó, cresci a desejar um dia voltar a sentir o calor, os cheiros e o mimo... Infelizmente o mundo à minha volta foi ficando cada dia mais afastado do espírito natalício como ele deveria ser na sua essência... Sinto-me hipócrita ao fazer parte de um cenário montado para fazer de conta. Desejo que o coração do Afonso, pequenino em tamanho mas enorme em sentimento, se encha de amor quando receber o Pai Datali e verificar que os seus pedidos foram ouvidos, desejo que os seus abraços de felicidade se mantenham para sempre e que o meu amor por ele o envolva em afecto e segurança... e como o seu sorriso me alimenta a alma irei continuar com as decorações durante esta semana e a levá-lo ao forúm sempre que ele queira ir falar com o Pai Datali e o Deende (que já não o podem ver... :))).

Feliz Natal minha querida.

Luísa Lopes disse...

Lagrimitas, já sabes a chorona que sou.
Pois é por isso que me vou obrigando a ter alguma alegria. Os natais da Vera também não foram famosos, nem recordações como as minhas ela tem.
Sejamos pois hipócritas,a vida é assim. Mas dentro dessa hipocrisia, cabem abraços sinceros e ternura genuína.
Vou a caminho. Bjs

Coisas de Feltro disse...

Pegar nas pequeninas coisas boas e fazer delas uma grande coisa. É o que tento fazer...
Beijo e abraço apertadinho

Luísa Lopes disse...

É isso Coisas de Feltro, é isso.